quinta-feira, 13 de junho de 2013

"Amo-te hoje.. mas amanhã odeio-te"

Estou neste momento na sala, a ouvir os meus pais discutir.
Eu até podia ir para o meu quarto, ou ir lá para fora.. mas a mãe fala alto e faz questão que eu esteja presente e oiça o que ela tem para dizer.
É aquele tipo de conversa que todas as famílias têm : repetitiva e sempre sem um fim.
A mãe está chateada por causa da separação de bens e pensões para nós. Eu não quero nada.
Não quero dinheiro do meu pai. Fixe era tê-lo por perto. Não há dinheiro nenhum que bata essa minha vontade. Quero o meu pai, e não uma mesada.
Mas a mãe para me meter no assunto, vai buscar o meu futuro.
" Alguma vez na vida vais ter que ajudar a tua filha. Não quero ter de estar a fazer contas à vida no que diz respeito ao futuro dela. Qualquer dinheiro que eu te dê, é tirar-lhe a ela."
Ela está super determinada. Diz que o final do mês é o limite , e que o pai vai ter de se ir embora.
O pai tem no colo uma série de papéis. Ele está com cara de quem vai desatar a chorar de repente.
Quase que consigo ver o coração dele a queimar a cada palavra da minha mãe.
Ele diz que em 15 dias não vai conseguir encontrar sítio para ficar.
Incrível como as coisas podem chegar a este ponto.
Como é que se tem a força ou a cobardia de magoar alguém todos os dias, tipo.. aquela pessoa a quem jurámos um dia, diante de tudo e todos , "amar e respeitar, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até à morte".
Será que o amor se desvanece? Será que fica podre com o tempo e se transforma em ódio?Não sei como é possível.
Não quero um dia viver algo assim.
Chamem-lhe devaneio, chamem-lhe fantasia.. mas gostava de amar alguém de corpo e alma. Não sou óptima pessoa, mas tenho palavra, e nunca disse um "Amo-te" a ninguém.
Sonho com o dia em que me sinta à vontade para dizer a alguém que o amo.
Mas não quero mesmo viver isto que os meus pais vivem.
Não gostava de tornar uma pessoa que não acredita em nada.

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