domingo, 30 de junho de 2013

Borboleta

Era uma vez uma rapariga
Caiu de pára-quedas, e surgiu do nada
Numa cidade meio antiga
Largou raízes e fez-se à estrada.
Conheceu novas caras,
Seduziu novas cabeças
Conquistou algumas mentes raras
Mas outras esqueceu logo muito depressa
Tanta curiosidade..
Sentia-se como uma obra de arte num museu
Exposta, como uma ave a quem foi negado o céu
Viu-se entre correntes, entre fios
Entre espaços gigantes e grandes vazios
Até que se deixou apanhar por completo
Caiu-se de amores por um príncipe perfeito
Já não havia vazio que durasse no seu peito
Quis ser feliz e fez de tudo para que surtisse efeito
Mas a menina, agora mulher,
Fora tomada como uma borboleta de colecção
Fecharam-na numa gaiola,
Partiram-lhe o coração
Esborracharam a sua felicidade, com força entre mãos
E a pequenina sofreu, mas diz ela que nao foi em vão
Secou as lágrimas e lambeu as feridas
Cicatrizes interiores, já deixadas de muitas vidas
Prometeu ser mais forte, prometeu ser melhor
E que até à sua morte, não sofreria mais de amor
Ela diverte-se, agora
Com quem ela quer e bem lhe apetece
Não há dia , não há hora
Não há vento que a pare ou a refresque.
Ainda conquista corações
E está longe de os findar
A pequena borboleta, ganhou novas asas e aprendeu a voar
Feliz, solitária mas longe de se magoar
Pode parecer triste , esta história que vos conto
Mas é bonita, e as coisas bonitas não escondo.
Ah, e escusado será dizer ,
Que a pequena borboleta sou eu
Pés bem acentes na terra,
E constantemente a tocar o céu.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Amuleto da Sorte

Já perdi a conta da quantidade de vezes que perdoei
Das vezes que meti o orgulho de lado,
Pois, eu sei que errei
Me magoei, e me estraguei
Com base em motivos que nem bons motivos são
São mentiras e intrigas escondidas dentro do coração
Como facas que dilaceram, o mais profundo toque do meu ser
Que ainda rodam e troçam de me fazer sofrer
Pra quê chorar, se tu não me vais ouvir? Perdoar pra quê, se eu sei que me vais mentir? Vou olhar para o lado, e meter tudo debaixo da mesa
Vou ignorar quando tu me chamares princesa
Não te quero mal , apenas te quero e sou-te sincera
A vida é curta e eu não sou do tipo que espero
Há muito em jogo, há muito pra vir
Há muito pra ver, muito pra descobrir
Não quero estar armada em forte,
Mas sabes que tu me fizeste mal
Quem ama, não engana,
Não mete um ponto final
Sem pré-aviso, simples e frontal
Outra navalha acesa no meu peito , mortal
Mais uma treta, mais uma rapariga
Mais um copo e mais um pica
Não quero vida louca,
Nem beijo na boca,
Quero estar na descontra
Puto, sou do contra
Já chega, já não me apetece, perdi a fome
Apenas me sinto tonta quando oiço o teu nome
Um vazio, uma dor , um certo carinho
Sempre estive contigo, nunca te deixei sozinho
És idiota, já perdeste o amuleto da sorte
Boa sorte, meu amigo, tens que andar a fugir da morte
5 da manhã a minha janela não é posto de emergência
Por favor mantém a calma, por favor mantém a distância.

Dúvidas!

Bem.. hoje há uma coisa que me tira o sono. É algo típico de adolescente, mas ainda assim vou-lhe dar crédito e escrever sobre isso.
Acontece que ando com dúvidas em relação ao que quero, no sentido amoroso.
Chega a ser estúpida a quantidade de dúvidas que tenho em relação a isso e talvez seja pela quantidade estúpida de hipóteses que tenho.
Gostava de não poder escolher, e se pensar um bocado chego à conclusão de que não posso mesmo escolher.
Sou uma rapariga bonita, inteligente e engraçada quanto baste. Não sou má pessoa, e tenho ideias.
Levo todos os dias com cantadas de inúmeros rapazes que tentam a sua sorte, talvez por verem em mim, o que falta neles.
Bom, uma certeza que tenho, é que não quero ser o preenchimento do vazio de ninguém. Quero ser um complemento. Já é alguma coisa, e já estou a chegar a algum lado. Estão a ver
? É por isto que gosto de escrever! Organiza-me as ideias! Se eu for a ver bem, tenho 3 possibilidades possíveis. Duas delas incluem 2 pessoas diferentes. Vamos analisá-las. A primeira, é a minha actual relação. É uma coisa equilibrada, simpática, descontraída e intensa. Deixa-me feliz, satisfeita e eu não mudaria nada. Tenho tendência a fartar-me das pessoas rapidamente. É um defeito meu.. mas desta vez isso não está a acontecer. Atenção, não se trata de um namoro nem de nada assumido, mas pergunto "também para quê?" Os rótulos mudam alguma coisa. Mudam tudo. O peso do nome "namoro", impõe um compromisso, uma obrigação. E eu tenho pavor a obrigações. Aquilo que tenho com ele, é lindo. Faria inveja a muita gente. Não escondo nada de ninguém, mas também não sinto necessidade de o espalhar nem de expor aquilo que temos a ninguém. Afinal de contas, quanto mais conhecimento, maior é a curiosidade. E da curiosidade à acção é um estalar de dedos. Um estalar de dedos para alguém vir e estragar tudo. A segunda hipótese que tenho, é algo que deixei em stand-by, com medo. Ele é bom rapaz, e gosta de mim. Temos uma amizade intensa, e verdadeira. Tão boa, que tenho medo de a estragar com futilidades e amor. Ele é aquela pessoa com quem vou ter quando me sinto em baixo, e a primeira que procuro para partilhar a minha felicidade. Só que os ciúmes afastaram-no de mim. Ele não suporta ver-me com outras pessoas. Quer dizer, suporta, porque não tem outro remédio.. mas sente-se como que trocado. Ele falou-me em eu ser a mulher da vida dele. Planeámos um dia mais tarde, ter filhos e até decidimos os nomes deles. Quero muito ser mãe e confesso que me deixei levar pelo facto de ele partilhar do mesmo sonho que eu. É raro um rapaz admitir a uma rapariga que quer ser pai. Quanto mais dizer-lhe que gostaria que ela fosse a mãe dos seus filhos. Deixei-me levar pela possibilidade. Nunca aconteceu nada entre nós sem ser um único beijo. Rápido, apressado e envergonhado. 
Mas para mim ele é muito mais um amigo que outra coisa qualquer. A minha última hipótese seria ficar sozinha. Eu não penso nas coisas a longo prazo. Não penso muito no futuro. Não faço as coisas a pensar no amanhã, mas ficar sozinha parece-me sempre a melhor opção. É a mais injusta possível, mas ainda assim, a mais cautelosa. Não quero ser uma pessoa que vive na sombra, e que nao se envolve com ninguém com medo de se magoar. Eu até gosto de me magoar. Faz parte. Mas quando me farto, fecho-me e tenho tendência a não dizer nada do que sinto ou penso. Fecho, engulo e seco. E pronto , é isso.. dúvidas e mais dúvidas. Confesso que não sei bem porque escrevi isto. Talvez seja numa de me organizar e chegar a alguma conclusao acerca do que fazer. Mas a unica coisa que me ocorre fazer, é não mudar absolutamente nada. Sinto que se mexer nalguma coisa, estrago , como uma criança numa loja de cristais. Bom, se lixe. " Na falta de saber o que fazer, um erro é sempre o mais correto"!

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Perdoa

Querido Deus, sei que não costumo rezar, mas peço que oiças as minhas preces esta noite, porque não mais ninguém com quem falar.
 Hoje alguma coisa aconteceu de diferente.
Levantei-me cedo para ir tratar de assuntos meus importantes. Tu sabes, aquelas coisas que têm que ser feitas quando nos tornamos adultos. Não é meu costume, e tenho sempre tendência a dar cabo de tudo.. mas hoje consegui. Hoje fui um pouco adulta.
Estava um dia quente, e só me queria fechar em casa, no fresco.
Quis ver os meus amigos, e cheguei a combinar ir ter com eles.. mas a preguiça foi maior.
Não fui muito boa pessoa nesse sentido. Preferi passar a tarde a ver filmes do que ficar na companhia de pessoas que gostam de mim. Não me sinto muito bem nesse sentido.
Porém, a hora de almoço foi o teste mais árduo.
O pai viu O Sol.
A mãe estava indecisa entre ascendê-lo ou não. Pediu-me um conselho e eu disse-lhe que fizesse o que a sua vozinha interior lhe dizia.
Ela acabou por fazê-lo. Fui bastante adulta nas minhas atitudes.
Fomos lá para fora e ele ascendeu.
Agarrou a minha mão com força, como se tivesse medo de levantar voo. Quase ma esborrachou.
Não aguentei muito tempo lá fora.
Até porque enquanto estava de mão dada com ele, olhei para dentro de casa e não vi nada a não ser uma nuvem branca para lá da porta. O meu instinto foi dizer que "não" para a porta.
Não sei o que se passou, nem Te sei descrever.
O pai começou a ficar tonto e foi-se deitar lá para cima.
Perguntei-me se teríamos feito bem.
Perguntei-me se não me teria precipitado ao aconselhar a mãe a mostrar-lhe O Sol.
Algo dentro de mim dizia para não me preocupar. Talvez fosses Tu.
Talvez fosse Vehuiah, o meu anjo.
E tudo se deu bem. Não tive medo, e fui espreitar o pai à cama duas vezes.
Estava tudo bem, ele estava a respirar e apenas cheio de sono.
Juro que não sei de onde veio esta preocupação repentina e toda esta atenção com a minha família. Não é nada comum. Sou a mais independente, a mais desapegada.. e hoje precisei de me preocupar.
Surpreendi a mãe, que apesar de não me ter dito nada, gostou da minha companhia , e de me ter por perto para a ajudar.
Já para o final da tarde, o meu gato, o Youssef sentiu-se mal, e levámo-lo ao veterinário.
Odeio clínicas veterinárias. Estão cheias de animais perdidos.
Tal como os hospitais, com as pessoas.
Preocupei-me muito com ele. Ele aninhou-se em mim, e acalmou quando chegou a médica.
Não era nada demais. Ele já está melhor.
E quando voltámos para casa, acho que agi por Ti.
Expliquei ao pai, tudo o que ele tinha de saber acerca da Fonte.
Foi bom, e acho que ele entendeu.
Mas algo estranho se passou a seguir.
Era minha tarefa fazer o jantar, e tive de entrar no quarto da mãe para ir buscar os frutos secos.
Senti toda a minha bondade, toda a minha preocupação ir-se.
A partir daquele momento, eu já era outra.
Fui para o meu quarto, toquei umas musicas, fumei um cigarro e meditei.
Será que a minha amabilidade só dura "x" horas?
Não sou boa pessoa o tempo inteiro?
Despachei-me muito rápido para ir ter com os meus amigos.
Só pensava em beber e fumar.
O tipo de pensamentos que ao longo do dia não tinha tido nem sinal.
Confesso, Senhor.. que cometi todos esses erros e mais alguns que não adianta sequer mencionar.
Eu sei que Viste, e eu sei Sabes de tudo.
Mas agora é tarde.
Já aconteceu e já não volta.
Sei que tenho a possibilidade de me redimir amanhã.. mas amanhã vou repetir a mesma história.
Perdoa.

Quando A Noite Se Faz Certa

Nascem sombras na cidade
Quando o Sol morre no Tejo
Tantas sombras sem idade
Quantas sombras que eu invejo
Já me doem os meus passos
Quando a noite se faz certa
Vou beber nos meus braços
Esta angústia que desperta..

Sabe a cansaço na rua
Falta riso sem ter preço
Sinto a cidade tão nua
E a negar-me o que mereço
E o teu corpo sabe a mel
O teu olhar é um recado
No cetim da tua pele
Vejo o Tejo derramado

És uma guitarra
Que nem sempre chora
És amarra deste fado que demora
Tu és o meu cais
Sou um navio sem mar
Quero mais, quero mais quero mais..
Que fumo a subir no ar..

Luiz Duarte

terça-feira, 25 de junho de 2013

Enquanto o Amor Não Chega

Achas que me mete impressão ?
A forma como me falas, me olhas ou desprezas?
Falo agora do coração,
Vamos falar a sério e sem tretas.
Passamos um pelo outro todos os dias
Como se fossemos estranhos.. e tu dizias que me conhecias..
Passas de cabeça baixa, e eu sem dizer nada
Mas mesmo o silêncio nos deixa surdos com tanta palavra guardada.
Um dia demos as mãos.. um dia deste-me um presente.
Um dia fomos irmãos.. já fomos muito diferentes.
Noites frias de Inverno, passadas à frente da televisão
O calor da lareira aquecia-me, mas não tanto como o toque da tua mão.
Eu encaixada em ti, como se fossemos um só
Foi-se tudo com o tempo, um tudo virou pó.
Agora sei que estás com uma menina decente
Aposto que ela te faz sentir bem..
Mas eu sempre fui mais independente
E tu eras mente fechada, não me querias com mais ninguém.
Já te vi com ela, e vi como me olhaste
Seco, magoado.. com o olhar, quase me mataste
Aposto que me espezinhaste, e na tua cabeça para eu provar da minha culpa
E que logo a seguir paraste, me abraçaste e me pediste desculpa.
Sei que tens tantas perguntas, e tanta coisa por dizer
Sei que ainda tens um sentimento perdido e pronto para me devolver
Sonho contigo, e sonhas comigo, é mais que certo
Porque te vejo em cada canto, em cada esquina em cada beco
Não me interpretes mal, isto é apenas uma confissão
Tardia mas sentida, não é de todo para te fazer confusão
Não me dói mais a tua ausência, como um dia já doeu
Já não me sinto mal por estares com outra, já sabes como sou eu..
Não estar mais contigo é uma mágoa que não trago
Põe-me lado a lado com ela e vamos ver quem faz mais estrago
Não é por aí, porque isso não importa
Tu estás com ela, e eu sozinha, aceitei a derrota
Sozinha, ponto e vírgula, eu cá me vou orientando
E enquanto o amor não chega,  a gente cá vai errando. ;)

sábado, 22 de junho de 2013

Pequenos Prazeres ao Pormenor

"Estou aqui , estou a dar em doida." - penso eu enquanto conto os minutos para sair do trabalho.
Finjo que limpo mais uma bancada, esfrego mais uns copos e vou bufando de minuto a minuto.
Só queria ir para casa descansar.. só queria tipo, deitar-me no sofá a ver um filme , agarrada aos meus cães.
Bem melhor do que estar aqui , a sentir o cheio de água suja com café e bolos de quebra.
Chega o patrão e diz "Pode sair, menina. Pegue no seu, e ponha-se à andar, que já é tarde!" .
Termino a sessão no computador, tiro o meu dinheiro, vou até à cabine e dispo a t-shirt de trabalho.
Encosto-me à parede, a sentir o frio dela nas minhas costas, e desço até ao chão.
Fecho os olhos, e fico ali a desfrutar do meu primeiro minuto livre do dia.
"Era capaz de ficar já assim" penso enquanto reparo que ainda estou de soutien.
Visto um top preto qualquer e na minha mala, e ponho-me a andar.
Ao atravessar a cozinha ainda apago umas luzes e desligo alguns aparelhos.
"Então até amanhã".
Desço o degrau daquele café quente como tudo, e sinto a brisa fria da meia-noite a tocar-me na cara como quem diz "Agora és minha".
Não tenho peso nenhum comigo. Só o peso ainda um pouco assente do aborrecimento que é ter estado a trabalhar oito horas naquele café.
Ando pela rua, parecendo uma pluma. Quase levito, e em certos pontos altos, quase me sinto voar.
Claro que não tento mesmo, isso seria tolice minha. Mas sonhar é sempre bom.
Olho para o céu, cumprimento a Mãe Lua e as estrelas.
Passam pessoas por mim, mas nem as vejo bem. São só vultos e querem tanto saber de mim como eu deles.
Oiço vozes, e conversas misturadas.
Acontece tudo nas minhas costas, e eu nem olho para trás ou para os lados para me inteirar do que se passa.
Continuo o meu caminho, de nariz no ar, e chego por fim, à minha primeira paragem.
Um sítio escondidinho, mas com uma vista bonita.
Puxo de cartão, mortalha, um cigarro, um pica e um isqueiro.
Os cinco elementos, se é que me entendem.
Estou numas escadas, e a Lua está mesmo de frente para mim. Enrolo o meu charro tranquila, sem me exaltar com nada.
Passa um gato a correr para longe.
Gostava de ser um gato. Gostava de ser uma energia apenas.
Ponho-me a imaginar como seria. Se fosse uma gata, provavelmente passaria o tempo todo a trepar em todo o lado, a saltar dos sitios mais altos e coleccionaria vidas.
Tudo pensamentos bonitos, e o vou acendê-lo.
Noto que está perfeito. Nem muito gordo, nem muito fininho. No ponto.
Acendo-o e sinto o primeiro drago a passar-me pela garganta e a beijar-me os pulmões de morte.
Desço mais alguns degraus daquelas escadas sentada, e encosto-me para trás , ficando deitada sobre os outros degraus.
"Pequenos prazeres" , penso eu.
Fumo até já não ter mais fôlego. Despeço-me com umas directas e lanço-o para a distância.
Fico a admirar a Lua e a tentar decifrá-la.
"Muitas emoções para um dia só, princesa. Tem lá calma contigo e vai para casa. "
Ando aquilo que tenho para andar, sempre de cornos postos no céu.
"Foda-se, mas moro assim tão longe?"
Ando mais uma data de tempo e finalmente chego a casa.
Abro a porta com pressa, e vou depressa deixar a mala no meu quarto.
Dirijo-me para a sala, cumprimento a minha família e desando para a casa de banho.
Quero tirar a roupa toda e enfiar-me na banheira. Abro a água.
Tiro primeiro os sapatos. "Ahhh.. liberdade". Tiro as meias e sinto o gelado do chão.
Dispo as calças, com alguma dificuldade. Nunca fui muito boa a despir-me enquanto estou com a pedra.
Tenho tendência a rasgar, esticar ou estragar de qualquer outra forma a minha roupa.
Tiro o top, e atiro-o para o Infinito. Sei bem que a minha irmã o vai encontrar ali , porque me vou esquecer dele, e vai usá-lo e alargá-lo. Adeus, top.
Fico a admirar-me ao espelho. Não sou nada de se deitar fora.
Tenho um corpo bonito e fico muito bem de cuecas e soutien. Quem dera a muitas!
Estudo as linhas do meu corpo e descubro que a parte que mais gosto, é a linha da coluna vertebral , que me divide as costas em dóis pólos.
A água está pronta, e já a posso fechar.
Tiro a roupa que falta, mas ainda me olho mais uma vez ao espelho. " Not bad, not bad at all".
Meto o pé direito primeiro na água. Está morna..
Meto então o outro pé, e sento-me devagar.
"Nem acredito que já estou aqui!"
Pego em algum sabão e faço espuma e bolhas.
Dou mergulhos às vezes, e deito a cabeça para trás.
"Pensava que nunca mais".
Penso na Lua e no dia de trabalho que tive.
"Felizmente amanhã é folga".
Boa, posso ficar no banho mais tempo.
Fico ali uma meia hora. Pego na toalha, e enrolo-a à volta do meu corpo, e faço o mesmo com outra, na cabeça.
Vou até ao meu quarto, ligo o aquecedor, e tranco a porta.
Baixo os estores da minha janela, no caso de haver algum curioso.. ligo a luz.
BAM, FREEDOM.
Seco o cabelo rápido, e abro a cama.
A cama foi feita de lavado e sabe super bem.
Ainda pondero ir um pouco ao computador, mas a vontade de descansar é ainda maior.
Sento-me na cama e enrolo outro.
Depois de o apagar, desligo a luz e deito-me.
Vejo se o telemóvel está por perto e aconchego-me.
Roço nos lençóis lavados porque estão frescos e o aquecedor me fez aquecer demais.
As almofadas parecem nuvens, e sinto a cabeça a andar à roda.
Fecho os olhos e vejo uma montanha russa.
Abro os olhos e eles parece que me vao saltar das órbitas.
Que tripalhanço.
Finalmente adormeço e começo a sonhar.
O preço a pagar pelo sonho merecido é passar o dia a trabalhar.

Surf's Up


Surf's Up, ou " Dia de Surf", é um filme simplesmente brutal que vi pela primeira vez com 14 anos.
Fala de pinguins surfistas, e é do melhor humor de desenhos animados que já vi.
Conta a história de Cody Maverick, um pinguim que vive no gelo, mas que vai parar ao Hawai, e participa num concurso de Surf.
Há imensas personagens engraçadas, como Tank (o vilão), Joe (a galinha pedrada) e o trio de três pequenos pinguins . 
A banda sonora é a típica música chamada "de surfista", e como tema principal, temos "Into Yesterday" dos Sugar Ray.
O filme é como se fosse uma reportagem desse dia, "Dia de Surf".
Bru-tal.

terça-feira, 18 de junho de 2013

A prece aos pais

Queridos Pais,
Escrevo esta carta por vocês ainda não me terem vindo ver aqui.
Já aqui estou há um mês e nada de vocês.
Não estou chateada, mas preciso de vos elucidar que eu ainda existo.
Quero apenas falar das minhas razões, porque sinceramente, não vos fazia nada mal perceber algumas coisas muito erradas que se passam comigo.
Talvez se faça luz e vocês entendam o porquê de tudo o que fiz, faço e farei.

 Tudo bem, nasci porque vocês me quiseram. A mãe diz que fui um bebé muito desejado, e que de noite desenhava cada parte do meu corpo, cada linha , cada traço, antes de adormecer.
Agradeço por me terem feito com amor. Isso ajuda a que não me sinta tão mal, quando vos vejo discutir.
"Pelo menos eles amam-me" penso eu.
Sei que cresci agarrada ao pai, e que segui muitos exemplos dele, e que sempre te descartei um bocado, mãe.
Sempre quis o colo do papá, os beijinhos do papá.. a companhia do papá. E tu foste sendo esquecida..
Não foi de propósito, juro. Sendo criança, não sabia escolher.
Pai, tu sempre foste muito livre, solto.. acho que herdei a sede da liberdade de ti.
E vejam bem! Tanto filho que vocês tiveram, e eu fui a única que saí artista!
Não tenho dúvidas de que vocês têm algum orgulho em mim, nem que vocês me amam.. mas vocês sempre duvidaram de mim, e nunca me levaram muito a sério .
Tu, principalmente, mãe, sempre duvidaste muito de mim.Esperas que eu seja adulta quando me tratas como uma criança.
 Acusaste-me de ter acabado com o teu casamento.
Não te tiro a razão, e perdoa-me por isso.
Cresci a ver-vos tristes, chateados e stressados a toda a hora.
Até há bem pouco tempo, via-vos como pessoas frustradas com a vida.
Obcecadas por "aquilo que devia ter sido e não foi."
Tenho 16 anos, mas sei bem que a vossa vida em conjunto nunca foi coisa fácil e que isso vos magoou muito.
Mas com os meus pequenos 16 anos, também sei admitir que não isso não é motivo para darem cabo da nossa família.
Nós não temos culpa.
Sei que foi um choque, descobriste que eu fumava, mãe.. mas olha, agora já está.
E sei que foi um choque descobrires a minha segunda vida, e que bebo e que consumo droga.. sei disso tudo.
Sei que é mau para vocês , terem-me nesta situação.
Estou aqui internada.. longe de ser curada.. e vocês nem vêm cá.
Eu sei que fiz muita asneira, que penei muito e que ainda estou a penar..
Mas sozinha não vou conseguir. Vocês sempre me disseram que eu não ia estar sozinha nunca.
Mas estão a abandonar-me AGORA! Isso deixa-me confusa..
Acho que tudo isto que fiz, e faço, é para sair desta aflição , desta tristeza imensa que sinto todos os dias quando olho para as vossas caras e da dor horrível que é saber que é por isso hoje não vos posso mais olhar.
Tornei-me em algo de que vocês ganharam vergonha.
Sei que ainda me amam, mas a vergonha é maior.
Tornei-me rebelde, livre , sem regras e fora da lei.
Tudo o que vocês não queriam.
Fiz tudo, talvez para vocês deixarem as vossas brigas estúpidas de lado, e lembrarem-se de que eu faço parte do que vos rodeia, sou parte de vocês, e preciso de amor e não de lutas.
Não que isso desculpe nada, pois não é uma desculpa.. é uma razão.
De qualquer das formas,
 " De todas as nossas más memórias, de todas as nossas brigas, 
perdoa-me, sinto muito, obrigada e te amo". <3
                                     P.S. Venham ver-me, por favor.. preciso de um abraço.
                                                 Teresinha

(W) Ella.

O que é que estás a fazer?
Tu não pertences aqui!
Eu ando aqui há anos e há anos que me perdi ..
Não há nada de bom,
Não vais aprender nada,
Não são chapinhas de chamon,
Que vão construir a tua estrada!
Tu ainda és novo, a tua carinha não engana
Mas a droga é chamativa, macaca, cigana..
Não devias aqui estar, isto não é sítio para putos,
Devias estar a estudar, e não a enrolar charutos!
Desaparece enquanto podes, antes que ela te vença..
Wella é mais que uma droga,
Ela é uma doença!!
Não olhes para mim com esse ar de ressacado
Não sou má influência, não te trago para os meus lados.
Podes implorar por um bafo,
Não to dou nem que me pagues..
Não peças, não te safo
Não sabes do que te livraste!
Fumar tabaco mata,
Fumar ganzas atrofia
Cuidando bem de uma gravata,
Ela dura até ser dia
Não te posso impedir, mas posso tentar
Não corras não, puto, que ela vai-te apanhar!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Quem Sou Eu?

Hoje tive a resposta para a pergunta mais complexa de todo o sempre.
A pergunta que todos nós fazemos a nós próprios, a certas alturas da nossa vida.
Um trabalhador diria que "somos o que fazemos". Um poeta diria que "somos o que sonhamos", e talvez um psicólogo diria que "somos aquilo que pensamos".
Aceitaria e respeitaria qualquer resposta dessas. Mas não responde à minha pergunta.
Faço tanta coisa, sonho tanta coisa e penso em milhões de coisas ao mesmo tempo.
E hoje, no meio do convívio com pessoas que mal conheço, descobri.
No meio do nosso grupo, alguém me perguntou "Então e quem és tu?"
Uma pergunta normal, vinda de alguém que não me conhece.
Dei por mim a responder "não sei".
A pessoa ficou a olhar para mim um bocado, do género "não foi isso que eu te perguntei" e eu pensei cá para comigo "foi isso que eu compreendi".
Uma bela pergunta... "quem és tu".
Pus-me a raciocinar.
Ora, penso logo existo, logo sou alguma coisa.
Mas aos olhos do Mundo em que vivo, ninguém me ouve, logo não sabe o que eu penso.. o que significa que não existo e não sou nada.
O que é mais importante? O que sou para mim ou o que sou para o Mundo?
Tanta perguuuunta..
Daí comecei a pensar como seria entrar na cabeça de toda a gente, e saber o que pensam de mim.
Se o soubesse, saberia mais do que aquilo que aprendi acerca da minha pessoa toda a minha vida.
Sei pouco sobre mim.. mal me conheço e sinceramente, estou sempre a surpreender-me.
Será que sou um ponto de interrogação?
Será que mais alguém se pergunta quem é?
Será que esse é objectivo da vida? Conhecermo-nos a nós próprios?
Aposto que estão aí a ler, e a pensar "Bolas, esta miúda tem cá umas trips..".
Será que estou errada?
Talvez estejas tu, certo.
Mas quem és tu ? Como leste ali acima, provavelmente responder-me-ias "sou o que penso, o que faço e o que sonho".
Tudo bem, boa resposta, mas previsível.
Talvez te conheça um pouco melhor que tu próprío. Tentei agora entrar na tua cabeça, e tu continuas a achar piada ao facto de eu estar a redigir este texto direccionado a ti.
Quer dizer, eu não sei! Eu não sei quem tu és!
Mas aos meus olhos, não és nada, porque não te oiço e não sei o que tu pensas.
Tu para mim não existes.
Será um paradoxo?
Espera lá, acho que me estou a perder do epicentro desta crónica.
É verdade.. escrevo porque descobri quem sou.
Aposto que adoravas saber. Talvez te desse uma luz do que tu podes ser.
Talvez te desse uma pista, para a tua caça à felicidade.
Oh pá! Mas se calhar é isso! Somos caçadores de felicidade.
Ou agricultores de tristezas.. não sei, não sei.
Era muito mau se eu acabasse este texto sem o concluir?
O que é que ias pensar de mim, não é? "Que trollagem.. não eras capaz".
Não sei se era capaz ou não.
Posso sempre surpreender-me e fazer o que me apetece.
Posso ser o que me apetece.
Ahahhaha, então.. e quem sou eu?

domingo, 16 de junho de 2013

Guerreiros do Horizonte

O que é isto?
O que é que eu estou a sentir?
Não sou triste, não sou lixo
Mas sinto o bicho a invadir-me
O corpo, a alma , a carne e a pele
Sabe Deus! O que eu não faria por ele!
Deitava-o na minha cama,
Não o faria esperar mais,
Ele o Valete e eu Dama
Almas Livres , os Imortais
De mãos dadas pelas ruas
Imbatíveis de profissão
Mágoa agridoce na boca
Força e ternura no coração
Doce canção de embalar
Notas saídas do fundo do ser
Não é preciso ninguém falar
Para saber o que está a acontecer`
Somos guerreiros do horizonte
Temos destino escrito no olhar
A maré leva-nos para longe
Nós não podemos mais voltar
Segura o peito, antes que ele caia,
Ele parte-se a cada passo
Aguenta a dor da distância
Ama o tempo, pois ele é escasso
Temos os braços amarrados
Pela corrente da saudade
Caminhos de ferro, velhos e estragados
Não estragam amor nem amizade
Ser só é certo, ser tua é sina
Fazer o erro mais correcto
Beber a luz que nos ilumina
Sabe a chuva , sabe a vento
Sabe a horas, sabe a tempo
Passa a correr, o filho da puta
Somos uma só alma livre, que ganha todas as lutas.

Príncipe

Eu sei o que tu queres.. a forma como olhas para mim não deixa margem para dúvida.
Sei ver nos teus olhos o quanto me queres, e tu nos meus que o sentimento é recíproco.
Ninguém me toca como tu. Ninguém te toca como eu.
Somos dois bocados de Mundo, perdidos numa cidadezinha pequenina.. sem grandes planos, sem grandes objectivos, grandes certezas.. vivemos ao sabor do vento.
Negar-te é impossível, nem sei como vou ser capaz de o fazer um dia , mas está para breve, príncipe. Está tudo prestes a acabar.
Não nos vamos magoar, mas vamos sentir saudades e tenho a certeza de que a tentação será massiva, mas é aqui que temos de ser fortes e provar que somos mais do que marionetas nas mãos de uma atracção.
É complicado descrever-te ou mesmo definir a pessoa que és.. é impossível olhar-te fundo nos olhos e ser-te resistível.
De todas as vezes que estive contigo, que me fizeste levitar, senti sempre a mesma pontada no peito. Era o meu coração como que a dizer-me " Teresa, tens de acabar com isto antes que dê asneira".
Não consegui ainda compreender se deu estrilho mesmo ou não. Vi-te vezes demais, beijei-te demasiadas vezes.. fizeste-me querer-te mais e mais e mais..
Cheguei ao ponto de estar na minha cama deitada, a recordar que um dia já lá estivemos, e os momentos fantásticos que passámos.
Mas tem de acabar, meu anjo.
Mais um bocado, e expludo.
É demais, é cruel..
É quase desumana a forma como te quero.
Tenho uma outra hipótese de ser feliz.. mas não te inclui.
Vamos falar a sério.. rapazes como tu não se apaixonam por raparigas como eu.
Eu também não me quero apaixonar.
Só que nunca se sabe, não se pode prever, e não se pode parar.
Um beijo gigante, príncipezinho. <3
Até um dia.

sábado, 15 de junho de 2013

Petra

Gosto dela desde o dia em que fiz dela a minha princesa.
Gostei dela assim que a vi e ainda me apaixono por ela todos os dias.
Não costumo apaixonar-me facilmente por nada, mas ela prendeu-me e estava à minha espera.
Estava eu a passear na rua e a ver montras com a minha mãe, quando de repente, ALI ESTAVA ELA.
" MÃE.. pára. Vamos entrar nesta loja."
Peguei na minha mãe por um braço e dirigi-me ao senhor que estava atrás do balcão.
"Bom dia! Posso ver aquela guitarra ali em cima?" *-*
"Bom dia, menina! Pode, pode, mas olhe que está desafinada." respondeu o senhor.
" Ah, nao faz mal, eu afino-a!" :D
Afinei-a e apaixonei-me logo.
Em madeira de cerejeira brilhante, com uma lágrima preta, e cordas de aço.
Senti um arrepio quando lhe toquei. Pensei "és mesmo tu"!
À medida que ia tocando, sentia cada corda vibrar nos meus dedos como que a pedir que desse mais de mim. Era disso que eu precisava.
"Mãe, quero esta." disse eu, com os olhos esbugalhados e ainda em êxtase.
"Mas essa é tão feia, filha! Vê lá outras , tens tantas! Olha aquela ali, toda preta".
"NÃO, MÃE. QUERO ESTA." rugi eu.
A minha mãe não estava a perceber. Ela era perfeita!
O preço era um bocado abusivo, mas ela era tão linda e tão brutal.. não podia ir-me embora daquela loja sem ela.
O senhor da loja viu como eu tinha adorado a guitarra e fez-me um desconto brutal!
E ainda me ofereceu duas palhetas!
Saí da loja de música como se fosse um miúdo gordo e diabético a sair de uma loja de doces.
Eu abraçava a guitarra, eu beijava-a.. eu ia soltando acordes por todo o lado.
Passei-me completamente.
Como a minha antiga guitarra, ela precisava de um nome.
O meu pequeno conflito com Pedros, deu-me uma luz.
"Vais-te chamar Petra".
Chamem-me doida, mas na altura, um botão do meu casaco roçou numa corda.
Aquilo para mim foi um sim. Era aquele nome mesmo.
E é isso, ela anda comigo para todo o lado.
Onde eu estou, a Petra está!
Como todos os amores, ela já me magoou.
Fez-me feridas e calos nos dedos, mas já me habituei.
Fiquei mega chateada e triste quando se lhe rebentou uma corda.
Mas agora já está completa, trato-a bem e vou com ela até ao céu!

Carta para a Jú .

Olá!
Já tenho andado há algum tempo para te escrever , mas parece que acontece sempre alguma coisa que me impede ou me faz adiar.
Sinceramente acho que não era bem escrever que eu queria.
O ideal, era ver-te, cara-a-cara e dar-te um daqueles abraços bem fortes! (e talvez não te largar nunca mais).
Tenho saudades tuas.
Apesar de tudo o que se passou antes, tenho saudades de te ouvir a implicar comigo.
Tenho vontade de falar contigo, e ouvir a tua voz e perguntar-te porque é que me esqueceste?
Como é que conseguiste e porque é que nunca mais tentaste encontrar-me?
Afinal de contas, somos do mesmo sangue.
Eu sei que te disse que não eras a minha irmã preferida. Sei que sabes que sempre preferi a Rita.
Mas não quis nunca que pensasses que não te amava ou que te queria mal.
Tenho saudades de te chatear.
Lembras-te quando estavas a dormir e eu ia ao teu quarto mandar-te sapatos ? ehehe, acredito que não aches muita piada, mas já foi há tanto tempo que agora já podemos rir sobre o assunto.
Ou quando querias descansar e eu metia música tradicional francesa a tocar no rádio mesmo ao teu ouvido.
Tu acordavas e berravas, e chamavas pela mãe!
Era tão engraçado.
Acredito que não tenhas achado graça ao facto de te ter partido uma pá do lixo no olho, mas juro-te que me irritaste e que se não me tivesses chibado à mãe, não terias ido para a escola com o olho negro.
Quero dizer que continuo a mesma teimosa e parva de sempre.
Apenas um pouco mais adulta, um pouco mais mulher..
Quer dizer, a responsabilidade está igual a quando eu tinha 10 anos.
Também continuo a deitar-me às tantas.
Sim, ainda fumo.. e às vezes bebo demais.
Eh pá, tenho saudades dos nossos passeios super patéticos por Belém.
E de ir a correr apanhar o elétrico contigo! ahahhaa
Bons tempos, mana.
Espero que vejas isto, e um dia destes voltes. Ou me dês um sinal de vida.
God knows I love you.
You know I do.
Um beijo enorme, Jú.
Dá notícias à mana <3 

Como as coisas mudam!

Ora bem .. voltei a Albufeira em Novembro, para ver família, amigos e ver o que tinha mudado desde a minha ausência.
Fiquei contente por saber, que há mais espaços verdes.. e conformada por haverem mais rotundas.
Como é óbvio, não vim aqui falar sobre a anatomia da cidade.
Vim falar do que vi(vi).
Estava tudo muito diferente, no que toca às pessoas. Albufeira parecia uma cidade fantasma.
As pessoas de quem eu gostava mais, já lá não moravam, e as outras.. tinham-se juntado com grupos que não me aqueciam nem arrefeciam.
Encontrei pessoas que já não via há muito tempo, e fiz as pazes com algumas com quem tinha tido desentendimentos.
Mas houve outro tipo de pessoas, (as que mais esperava e queria encontrar), que não consegui ou detestei ver : os meus amigos de sempre.
Uns presos.. outros de pulseira electrónica em casa.. outros sem nada..
Combinei então, num desses dias em que estava sem nada para fazer, encontrar-me com um rapaz, o Daniel que me ia levar a casa de um dos meus amigos presos.
Andámos um bocado, lá para o meio do mato, e lá encontrei a casa dele.
Uma casa que de fora parecia abandonada. Cães por todo o lado.
Os muros caíam aos pedaços e a árvore grande onde costumávamos fumar os nossos charutos ainda lá estava, imponente e centenária.
Mal cheguei à porta, o meu amigo saiu.
Quase lhe faltou chorar.
" Não acredito que és tu.. não acredito que aqui estás.. não queria que me visses assim". - disse ele.
" Puto, o importante é que voltei e vim pra te ver." - respondi, aproximando-me para lhe dar um abraço.
Eu estava partida em mil.. nem queria acreditar que ele estava naquela situação.
" E pensar que antigamente brincávamos a correr por todo o lado.. e estávamos sempre a fugir de casa.. e de repente, estás assim. O que é que fizeste?" - perguntei enquanto enrolava um charro.
" Foi tanta coisa, princesinha.. andei armado em esperto, e quando pensava que tinha tudo controlado e pronto.. chibaram-me e fui de cana. "
" Quem é que te chibou ? "
" Tu sabes quem. Ele tá agora preso em Silves. Fodeu-me a vida, mas eu fiz questão de foder a dele. "
Era muita informação para mim, na altura..
Custava-me a crer naquilo tudo..
" Porque é que estamos cá fora? Não podemos entrar? " perguntei eu.
" Tu não ias gostar do que ias encontrar lá dentro." disse ele baixando a cabeça.
" Meu, até parece que não me conheces! Desarrumação é cerimónia comigo! " respondi.
No momento em que lhe acabo de dizer isso, sai da porta a minha maior inimiga de sempre : a Soraia.
Magra, de alguidar na mão, e um barrigão que metia medo.
Olhou pra mim, com aquele olhar de sempre .. aquele olhar que já durava de há 4 anos, que se traduzia num "quero-te matar."
Tive tanta pena dela. Aquele ódio todo que tinha guardado dentro de mim durante tantos anos em relação a ela, de repente transformou-se em pena.
Esqueci-me do facto de ela me ter partido uma garrafa de vidro nas costas.
Esqueci-me das vezes que tinhamos andado à porrada.
Esqueci-me de todas as vezes que lhe parti o aparelho nos dentes.
De repente, todas aquelas memórias se desvaneceram e só senti pura e exclusivamente pena.
Ela voltou para dentro, ainda de trombas.
"Era disto que achavas que eu nao ia gostar de encontrar? Foda-se, puto.. sou mais mulher que isso". disse eu.
"Pá, sim, mas ela nao é. Ela anda triste. E agora vê-te aqui, comigo.. tu estás linda, e bonita e tens tudo o que ela gostava de ter e não tem. Não queria fazer-vos passar por esse confronto. Mas agora já está.
Se quiseres, já podes entrar". respondeu ele.
Entrámos e sentei-me no sofá de uma sala improvisada.
Aquela casa não tinha mudado nada!
Estava apenas um pouco mais degradada e mais velha.
A tinta das paredes, que acredito que um dia tenham sido brancas, estalavam de velhas e o sofá rangia.
Estava numa de conversar com ele, e pôr a conversa em dia.. mas algo me incomodava.
A Soraia, olhava-me intensamente da cozinha, como que a vigiar-me.
Tenho a certeza que na cabeça dela eu já tinha morrido mil vezes.
"Está tudo bem?" - perguntei, olhando para ela.
Ela não me respondeu. Atirou com a loiça para a bancada e saiu a correr para o quarto, a chorar.
"Desculpa, puto. Venho já".
Entrei no quarto, e encontrei-a a chorar em cima da cama.
Parecia uma dor horrível, aquilo que ela estava a sentir.
Levantei-a, dei-lhe um abraço e pus-me a falar com ela.
"Calma.. ouve, vamos conversar as duas. Vamos fazer tréguas e pôr as tretas de lado, sim?"
Ela anuiu com a cabeça e começámos a falar.
Não quero estar para aqui a contar o que ela me disse. Talvez conte, num outro capítulo, cujo título talvez seja o nome dela.
Apenas posso dizer que fiquei ali com uma amiga.
E que quando o filho dela nasceu, eu estava lá.
E é incrível, como as coisas mudam, e como a nossa ausência é sentida.
É assustadoramente rápida a forma como a vida dá voltas, e mais voltas, e cambalhotas e pinos.
Algo me dizia que eu tinha de voltar àquele lugar um dia.
O passado não se esquece, mas ao contrário do que possam dizer, nunca MAS NUNCA, acaba por passar.
Vivemos constantemente de memórias e histórias.. nós vivemos o passado a toda a hora.
Incrível como as coisas mudam mesmo diante dos nossos olhos.

E agora?

Eish... NÃÃÃÃO! Perdi o telemóvel..
E agora?? Estou lixadíssima. Sou do tipo de pessoas que fica anos sem carregar o telemóvel. Vivo bem a mandar kolmis, e apenas a receber chamadas e mensagens. Pensava, até ao dia de hoje, que se por ventura se desse o caso de eu ficar sem o meu telemóvel de repente, que não me faria grande impressão ou falta. Mas NÃO! Acordei, olhei para o lado e ele não estava lá , a tocar de 10 em 10 minutos, numa tentativa desesperada minha para acordar mais cedo que as seis da tarde. Não sabia que horas eram quando acordei. Não tinha rejeitado nenhuma chamada durante a noite.. nem ouvido o barulhinho das mensagens.. De alguma forma, estou mesmo triste! Passei meses, a guardar mensagens importantes, fotografias que não podia passar para o computador.. vídeos com pessoas que adoro mas nunca mais vi.. Perdi isso tudo! O lado bom?! Não há nenhum lado bom! O lado que seria melhorzinho, seria o facto de pelo menos chatearem-me às tantas da manhã já não se sucederia mais. Eu andava a tentar não andar tanto no facebook, para não gerar aquela dependência virtual que a maioria tem. Mas parece que não tenho alternativa. Facebook it is. Gosto da funcionalidade desta rede social. Até nem é má de todo. Qualquer coisa melhor que o Hi5 é bem-vinda. Pá, mas o meu telemóvel.. todos os verões perco um, e todos os motherfucking verões compro outro. Omg. Acabei de me lembrar que tinha nos rascunhos das mensagens a referência de uma multa a pagar pela minha mãe. Ohhhh... fuck.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Fácil Demais

Comecei cedo a fumar.
Todos os miúdos do bairro já fumavam, e na escola também, mas eu comecei sozinha.
Fumei um cigarro do meu pai e odiei aquilo. Era forte, sabia mal e não tinha filtro sequer.
Entretanto, um dia ofereceram-me um outro cigarro. Lembro-me que foi um Black Devil , aqueles cigarros com aroma a chocolate. Guardei-o e fui fumá-lo para a cozinha.
E lembro-me de que na altura eu ainda nem sabia travar!
Foi mais tarde, uma amiga minha (ou talvez não) que me ensinou a fumar.
Depois de aprender a fazê-lo, tornou-se puro estilo. Eu fumava e isso de alguma maneira fazia-me sentir badass.
Com 13 anos, era das poucas raparigas da minha idade a fumar tabaco e apesar de algumas pessoas me criticarem por isso, nunca larguei os cigarros.
A cena mais complicada veio a seguir.
Depois de ter experimentado ser rebelde a primeira vez ( e depois de ter chumbado um ano lectivo à pala disso), mudei de escola, que acabou por ser a minha perdição.
Uma coisa leva a outra. Experimentei um charro.
Gostei daquilo. Não me fez grande coisa, e eu já tinha fugido demasiadas vezes à tentação de experimentar.
Não sei se é algo dentro de nós que nos diz " Está errado, mas faz, que te vai saber bem".
Não sei é uma vozinha na nossa cabeça que nos influência, ou a história dos dois anjinhos, um em cada ombro a travar uma luta do Bem contra o Mal, à distância da nossa cabeça.
Não sei se são umas mãos que nos empurram para o abismo.
Mas com certeza são as nossas pernas que caminham até lá.
Depois do primeiro charro, surgiram outros.
Cada vez mais, cada vez mais fáceis de aguentar.. fácil demais.
Eu estava a tornar-me fácil, tal como todos os outros.
Fácil no sentido de que , tudo aquilo para que me aliciavam a experimentar, eu aceitava.
Deixei-me levar.. apanhei altas pedras, que não vale a pena mentir, ainda hoje as sinto.
Mas como tudo o que é simples, complica-se e passei para coisas mais pesadas.
Apareci em casa, mais morta que viva.
Os olhos quase fechados, pálida e cambaleante.
Os meus pulmões pesavam. A minha cabeça latia..
Lembro-me de ouvir a minha mãe dizer " Teresa , estás toda pedrada!" .
Lembro-me de rir para mim mesma e pensar " Meeeeeeeeesmo!" .
Não havia piada nenhuma, aquilo foi puro atrofio meu.
Fui levada para o Hospital.
Lembro-me de entrar nas urgências, e estar deitada na maca mais para lá do que para cá.
Tinha um braço estendido para fora da maca, e olhei uma vez para a frente, levantando a cabeça.. e vi a minha mãe chorar, agarrada ao médico.
Senti vontade de chorar, mas não sabia porquê.
O médico veio falar comigo.
Perguntou-me o que é que eu tinha andado a tomar, porque para eu estar naquele estado, teria de ser algo pior.
Eu, com a minha lábia dos 16 anos.. disse-lhe " Olhe, não sei. Mas era bem fixe."
Senti alguma coisa a escorrer-me pelo nariz e pelas pernas abaixo.
Eu estava toda dormente..
Estava a sangrar por todo o lado.
Resumidamente, e porque não quero mais relembrar o que vem a seguir, deixo uma nota pequenina a quem estiver a pensar experimentar drogas duras ou mesmo apenas charros.
O vício provém da necessidade de voltarmos a um estado despreocupado e relaxado.
Provém da necessidade que temos em esquecer os nossos problemas, nem que seja por algumas horas.
Nada contra, e super a favor.
Mas tudo com peso e medida.
Tudo com juízo e precaução.
Senão dá asneira e da grossa.
Por exemplo.. saltando a parte que não quero contar, eis o que se seguiu.
Acabei por ir para a CPCJ - Centro de Protecção de Crianças e Jovens.
Andei a ser vigiada pela polícia uma data de tempo .
Fui internada.
Perdi coisas que já nao voltam.
Perdi a relação fantástica que tinha com a minha família.
Perdi crédito, perdi a confiança de muitas pessoas e deixei por aí algures a minha dignidade.
Ainda perco todos os dias.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Três Coisas Tão Simples

Cresci rodeada de rapazes.
Não fui muito feminina até aos meus 13 anos de idade.
Aquela parte da nossa vida em que nós copiamos os exemplos que temos e moldamos a nossa personalidade, aconteceu-me precisamente aí.
Dizem que homens e mulheres pensam todos da mesma maneira, mas não.
Não tem nada a ver.
Existe uma consciência geral, comum a todas as pessoas.
Sei disso , porque cresci menina, mas a agir como um rapaz, e me encontro agora numa situação de agir como uma menina mas pensar como um rapaz.
É complicado, mas há muitos interesses que partilho com os homens. (ehehe)
Penso que os homens cedem agora muito mais ao que o coração deles lhes diz. Cada vez mais com o tempo se vai esquecendo da célebre frase "Um homem não chora."
Lembro-me de ouvir antigamente que "quem chora são as meninas".
Sempre vi as meninas como coisinhas preciosas e frágeis com as quais não se pode brincar ou magoar.
Um mito, impingido pela Escola e pelos Pais.
Lembro-me da primeira vez que andei à porrada na Escola.
Foi com um rapaz, porque ele me tinha roubado o Bollycao.
Ele era maior que eu e subestimou-me por eu ser uma menina.
Foi só ir ao sítio certo, acertar-lhe bem no meio das pernas e acabou-se ali o machismo dele, provavelmente  passado dos pais para ele.
Perdi a opinião de que uma menina devia ser pura e inocente.
Eu gostava de dar pontapés aos rapazes. E às raparigas então!
Desfiz na minha cabeça a imagem de que eu devia ser a menina exemplar.
A minha rebeldia vem um pouco de eu ser muito livre, e ter muitas ideias.. e ter sede de justiça.
Cresci com rapazes.
Foi-me incutido a "Irmandade".
Que se devem respeitar os amigos e que uma amizade verdadeira não termina por nada.
Aprendi a respeitar os mais velhos. Comecei pelos vizinhos.
Aprendi que uma rapariga deve ser simples, mas ter valores e princípios.
Cheguei mesmo à conclusão de que o que falta nas raparigas de hoje em dia, é isso mesmo : carácter, personalidade e simplicidade.
Três coisas tão claras e impossíveis de forjar.
Valores que se adquirem através das amizades da nossa infância.
Na fase de decidirmos quem vamos ser quando formos grandes.
Não me fez mal nenhum passar por tantas coisas como passei na minha infância.
Fez-me ser uma menina/rapaz.
Sábia às vezes. Malandra por vezes também.
Agridoce!

"Amo-te hoje.. mas amanhã odeio-te"

Estou neste momento na sala, a ouvir os meus pais discutir.
Eu até podia ir para o meu quarto, ou ir lá para fora.. mas a mãe fala alto e faz questão que eu esteja presente e oiça o que ela tem para dizer.
É aquele tipo de conversa que todas as famílias têm : repetitiva e sempre sem um fim.
A mãe está chateada por causa da separação de bens e pensões para nós. Eu não quero nada.
Não quero dinheiro do meu pai. Fixe era tê-lo por perto. Não há dinheiro nenhum que bata essa minha vontade. Quero o meu pai, e não uma mesada.
Mas a mãe para me meter no assunto, vai buscar o meu futuro.
" Alguma vez na vida vais ter que ajudar a tua filha. Não quero ter de estar a fazer contas à vida no que diz respeito ao futuro dela. Qualquer dinheiro que eu te dê, é tirar-lhe a ela."
Ela está super determinada. Diz que o final do mês é o limite , e que o pai vai ter de se ir embora.
O pai tem no colo uma série de papéis. Ele está com cara de quem vai desatar a chorar de repente.
Quase que consigo ver o coração dele a queimar a cada palavra da minha mãe.
Ele diz que em 15 dias não vai conseguir encontrar sítio para ficar.
Incrível como as coisas podem chegar a este ponto.
Como é que se tem a força ou a cobardia de magoar alguém todos os dias, tipo.. aquela pessoa a quem jurámos um dia, diante de tudo e todos , "amar e respeitar, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até à morte".
Será que o amor se desvanece? Será que fica podre com o tempo e se transforma em ódio?Não sei como é possível.
Não quero um dia viver algo assim.
Chamem-lhe devaneio, chamem-lhe fantasia.. mas gostava de amar alguém de corpo e alma. Não sou óptima pessoa, mas tenho palavra, e nunca disse um "Amo-te" a ninguém.
Sonho com o dia em que me sinta à vontade para dizer a alguém que o amo.
Mas não quero mesmo viver isto que os meus pais vivem.
Não gostava de tornar uma pessoa que não acredita em nada.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Vou ficar no Limbo



Confesso que há algum tempo que ando com medo de algo.
Não é um algo tolo ou fútil. É na verdade algo grande.
Tenho-me andado a desligar cada vez mais da Luz.
Não no sentido de me estar a tornar pior pessoa, pelo contrário.. mas no sentido de cumprir a missão que me trouxe até aqui.
Foram-me dados vários dons, vários presentes e talentos. Sou uma caixinha de truques e surpresas.
Com o dom de pintar e desenhar bem, criei a escola da minha mãe, para que ela pudesse exercer o seu sonho.
Com o dom da música, espalho sorrisos e arrepios por aí.
Com o dom do toque, saro feridas e curo dores.
Com o dom do beijo, sei levar alguém à Lua.
Com a beleza, enfeitiço homens e faço deles melhores pessoas.
Com o dom da palavra, sei levar pessoas a sonhar, sei levar o sonho ao expoente da imaginação.
Tanto dom, tanto talento.
Tudo com um propósito que eu ainda nao sei definir qual é.
Tudo isto pra dizer que tenho feito bom uso do meu conhecimento e poder, mas ainda assim, sentindo que estou a falhar no mais óbvio e mais básico pormenor de todos.
Estou a afastar-me do ventre que me originou.
Com medo de represálias, medo de sermões.
Sou uma rapariga cheia de medos.
Muitas certezas, mas muitos receios. Por vezes deixo-me levar por eles. Cada vez mais.
Centrei-me em mim.
Esqueci-me do que comecei quando ascendi.
Sinto-me renunciar a um legado do qual não posso totalmente fugir, mas do qual me tento esquivar sempre: A minha espiritualidade.
Enteiro-me de energias que ultimamente me têm deixado em baixo e cansada.
Todo um processo que dura há mil anos, desde que vim parar a esta cidadezinha estranha.
Já devia ter passado. Eu já devia ter evoluído e passado a outro patamar.
Mas não! Eu fujo, escondo-me e digo que não quero ver e saber de nada.
Quero segredo absoluto e não quero perder tempo a pensa nisso.
Sei que vou ser um dia chamada à Pedra para me perguntarem se fiz o que devia ter feito e me foi incumbido.
Sei que vou dizer que não. Sei que me vou arrepender.
Sei que vou ficar no Limbo.
Tudo porque sou fraca e cobarde e tenho medo de ver mais do que os outros.
Porque quero ser ignorante.
Não quero saber o amanhã. Não quero saber quem vai partir.
Não quero saber quando vão partir. Não quero que me procurem.
Não quero ter de ser um canal. Não quero ter de passar por isso de novo.
Quero ter medo e ser feliz.

Pure Bullshit



Eu queria tentar fazer um balanço acerca do que eu sei sobre o amor.
Sei muito pouco. Não amei muitas vezes em toda a minha vida.
Mas sempre ouvi dizer que o amor era uma coisa boa.
Bom, das poucas vezes que experimentei, magoou um bocado e deixou-me doente.
Tenho a dizer que vejo o amor, como uma doença.
Afecta-nos, deixa-nos febris, com insónias, dores no peito e na cabeça, tontos, suados, com tremuras e músculos doridos, tal como o coração. Como uma droga, começamos a precisar de alimentar essa vontade.
Procuramos o que falta, e tentamos passar a nossa doença, e expomos a nossa ferida.
Cabe depois ao antídoto , decidir se nos cura ou nos mata.
Geralmente, mata.
Geralmente, faz sofrer. Dores terríveis.
As vezes dura pouco. Outras vezes dura e perdura..
Como se esquecesse que tem de ir embora.
Pronto, era só um pequeno apontamento. não sei assim grande coisa acerca do amor. e o que sei é pure bullshit.

"Tenho uma Cobra Nas Botas!"



Não pude evitar passar-me quando no outro dia liguei a televisão e estava a dar o Toy Story.
É um regresso à infância, aos bons anos de pitalhagem e brincadeira gratuita.
Acho que os clássicos da Disney são coisas que com 20, 30, 50 ou 80 anos, vou sempre gostar de ver!
Vou sempre sentir aquela nostalgia de ficar agarrada às cassetes de VHS, a rebobiná-las no leitor e comer batatas fritas enquanto vinha a publicidade da Disneyland Paris e de outros filmes.
Filmes que me marcaram para toda a vida, com frases célebres como "Para o Infinito, e Mais Além", ou "Tenho uma Cobra nas Botas!" e canções como "Sou Teu Amigo, Sim".
Ahh, childhood ! *-*

Aranhas do Mar

Adoro polvos, e aranhas, também..
E no outro dia, durante uma grande pedra, acabei por fazer a relatividade dos dois animais.
E má friends, o que é o polvo senão uma aranha do mar?
Vejam bem! O mesmo número de membros, e um pouco de peso a mais e algumas melhorias no bicho originar. ;D

Um dia tristemente importante.

Foi um dia triste.
Não estava mesmo nada à espera que fosse tão triste.
Tinha chegado a casa tarde, mas ainda tinha tido força para ir ao Facebook.
Eu sabia que naquele dia se iam passar coisas importantes, mas não esperava que me afectasse tanto.
Foi o dia em que os meus pais se divorciaram.
As coisas já não andavam bem há uns anos.
A mãe pôs o pai a dormir noutro quarto há uns 4 anos.
Habituei-me a ver a mãe sempre a falar com o pai como se ele fosse um cãozinho.
Sempre vi o pai como um homem apaixonado e arrependido.
Mas eles sempre se mantiveram juntos e de alguma forma, unidos como amigos.
Eles sempre me incutiram o princípio de que quando nos envolvemos em alguma coisa ou com alguém, deve ser até ao fim e não devemos desistir.
E ver as pessoas mais importantes da minha vida a quebrar toda a corda de confiança e verdade pela qual regi toda a minha vida, foi o golpe mais baixo e mais sujo que alguma vez eu poderia levar.
Estava a ter um pesadelo e a mãe acordou-me.
" Olha, eu e o pai já fomos assinar os papéis. Ele vai-se embora para a semana."
Woow. Será que acordei mesmo do pesadelo ? Venha o diabo e escolha.
Sinto que o meu coração foi cortado e rasgado, e esmigalhado ao máximo.
Parece que tenho um buraco aberto, e cada vez que falo no assunto ou penso, parece que os sentimentos me roçam nas bordas do buraco e me dói, dói , dói.
Não gosto de chorar à frente de ninguém, mas não consegui evitar.
Chorei como se eu tivesse 8 anos e me tivessem roubado o gelado.
Chorei como se um cão meu tivesse morrido.
Chorei como se tivesse perdido as pessoas mais preciosas que tive em toda a minha vida.
Ainda me dói. Estou tipo, a tentar ficar bem, mas está difícil.
Estou entre o choro e a raiva. E o meu peito não facilita. Não deixa de arder.

A Geração das Curtes

Hoje a minha irmã mais nova saiu-se com uma giríssima.
Enquanto esperávamos pelo jantar na Telepizza, virou-se para mim e contou-me que tinha beijado um rapaz.
Fiquei toda babada, por ela estar a crescer e querer partilhar isso comigo!
Disse-lhe "Ahh, mana! Fixe, o teu primeiro namorado!"
.. ao que ela me respondeu, parecendo uma mulher já muito adulta e madura " Nada disso, foram só uns linguados, foi só uma curte de amigos coloridos".

Fiquei para morrer.
Como é que uma pirralha de 13 anos, que da vida só sabe de desenhos animados (ou pelo menos só deveria saber disso), me cala a boca com este tipo de expressões? Será que nesta idade já é tudo tão sujo, tão sexual?
Será que agora ficamos adultos mais precocemente?
Isso será bom ou mau? Evolução ou involução?
É a geração das curtes aos 12 e 13 anos que vai comandar o Mundo uns anos mais tarde?
Estes vão ser os patrões dos meus filhos?
A minha irmã vai ser mais uma pessoa estúpida inserida numa sociedade de aparências?
Eh pá, nao sei.. são muitas perguntas e nenhumas respostas. Ou algumas, mas todas descabidas que mais soam a desculpas esfarrapadas.
Não há desculpas.
Não quando se trata de futuros futuros.
Isso é foder o pouco que resta do Mundo, e esperar que alguém leve com as culpas.
No outro dia , bati na minha irmã.
Ela partiu-me a janela e eu bati-lhe.
E foi quando reparei que ela nunca tinha levado uma palmada na vida.
Ficou chocadíssima a olhar para mim.
Fiquei ali, a lembrar-me dos meus tempos.. eu tinha levado com cada palmadão, e com cada tareia ! Vejo agora que nao me fez mal nenhum e que se calhar devia ter levado mais, para ser menos má pessoa.
Mas vá lá, não foi em vão. Não fui uma criança mimada.
Mas a minha irmã é da geração das curtes aos 13 anos.
Não sei se posso fazer alguma coisa.
Que raio de mundo , hã?