domingo, 7 de julho de 2013

Laços ou Não


Isto tem sido um Inferno.
A sério.. parece que a minha mãe quer que eu me separe do meu pai por ela.
Preferia mil vezes que ela não me falasse no assunto, que me desse privacidade e respeitasse que para mim é bem mais difícil aceitar tudo isto que se está a passar.
Não lhe quero explicar porquê, porque já tentei e ela não compreendeu.
Ela nunca faz por compreender.
Para ela, só as coisas na cabeça dela fazem sentido, e todo o resto do Mundo está mal.
Eu compreendo o lado dela.. mas e ela compreender o meu.. tá quieto.
Pedi-lhe para se meter nos meus sapatos, e perguntei-lhe se os pais dela se tivessem separado, como teria sido para ela.. e ela respondeu-me que os pais dela nunca se separariam.
PORRA, assim não dá. Ela não me dá hipótese.
Odeio chorar à frente das pessoas.. mas não aguentei.
Veio atrás de mim, para o meu quarto, e preparava-se para repetir a mesma conversa de sempre.. aquela conversa que me magoa, mói.. e que ela sabe muito bem que me deixa mal-disposta.
Perguntou-me se o meu pai já tinha falado comigo acerca do sitio para onde vai.
Eu respondi-lhe que não , e ela disse " ah, que estranho, vocês são tão amiguinhos".
Ela não conversa comigo. Quando ela abre a boca, dirigida a mim, das duas uma: ou é para me mandar bocas ou então para fazer o resumo dos últimos meses, que sinceramente têm sido horríveis cá em casa.
Ela vem repetir sempre a mesma história, abrir as mesmas feridas, causar as mesmas lágrimas e trazer lembranças que com muito cuidado vou tentando esquecer.
E depois vem-me com a história do " como é que isso ainda te magoa se já foi há tanto tempo, Teresa! "
Não foi nada há muito tempo, porque nunca tive tempo de cicatrizar tantos cortes.
O passado, está sempre presente.. não consigo seguir em frente de maneira nenhuma, assim.
Ninguém conseguiria.
E depois, porque me recuso a ouvir as palavras dela, grita que eu não sou família dela, e que ela de verdade, só tem uma filha.
Claro, nada de novo. Sempre que se chateia diz isso. Há anos que oiço essa treta.
Incrível, como a relação da minha mãe com as minhas irmãs melhorou tanto, a partir do momento em que elas sairam de casa.
Sempre que vê a Rita, Jesus! Tragam a água benta, porque ela está pronta para santificar a rapariga.
A Joana, não lhe deu hipótese , por acaso.
Deixou a início, mas há uns anos, assim que pôde, deixou de dizer uma única palavra à minha mãe.
Fugiu, e cortou relações com ela.
Porque a sério, ninguém aguenta.
Eu tenho aguentado ao máximo e tentado tudo.
Desapareço muito da vista dela.. passo dias e dias sem ver a minha mãe.
Deixei de jantar à mesa, porque ela me começava a massacrar com coisas acerca do meu pai.
Não me caía bem a comida, sequer.
Isso irritava-me.
Deixei de sair com ela, porque ela fazia cenas no meio da rua, mesmo para as pessoas olharem.
Estou cansada.. já ando a levar com estas merdas desde que me lembro de ser pessoa..
Todos os dias, a toda a hora, há sempre alguma coisa sobre a qual gritar comigo.
Há sempre forma de me magoar mais, e me fazer sentir pior.
Não tive uma vida propriamente fácil , principalmente a partir dos meus 14 anos.
E sempre fui culpada e julgada por isso.
E nos momentos em que mais estava a sofrer, aparecia a minha mãe e dizia " se achas que estás mal, é porque não sabes como eu estou. a vítima aqui sou eu."
Sim, eu acabada de sair do Hospital.. sim.. eu acabada de ser expulsa da Escola.
Sim, eu acabada de sair da polícia. Desolada, desiludida comigo mesma..
E sem tempo para sofrer, para pensar e perceber porquê.
Eram-me pedidas respostas e mais respostas e eu respondia sempre "não sei".
E depois havia os ataques repentinos de compreensão. Normalmente vinham quando eu já atingia um estado, um limite mesmo muito alto de histeria e tristeza.
Mas era esquecido rapidamente, e todos voltavam às vidas normais.
O meu pai nunca foi muito de me julgar. Certo e sabido é que ele me aparou muitos golpes, e que me safou muitas vezes. Mas não é por isso que gosto dele.
Gosto do meu pai, porque sempre que lhe pedia, ele me dava tempo para estar sozinha.
A minha mãe não compreende o conceito de privacidade.
Ah, não, compreende sim, mas só quando se aplica a ela.
Chegou a bater-me por ter usado um casaco dela.
Entra no meu quarto, anda ali a remexer nas minhas coisas, com cuidado, para eu não saber que ela lá esteve, encontra alguma coisa menos boa, e arranja motivo de me atasanar o juízo quando apareço à frente dela.
E depois diz que não mexe nunca nas minhas coisas.
A sério.. estou tão farta.
Perdi toda a ligação de afecto com a minha família.
Às vezes faz falta um abraço, ou um " pronto, vai ficar tudo bem".
Às vezes faz falta um beijo antes de dormir, ou um sorriso.
Não mostro nada disso, porque quase não tive disso. Quase não sei o que isso é.
Tive de aprender com pessoas fora da família.. e às vezes penso que não aprendi as melhores coisas fora de casa.
Sinto-me sozinha, nesta casa com tanta gente.
Sinto-me destruída, como se eu fosse uma parede e me estivessem a deitar abaixo devagarinho, tijolo a tijolo.
Tenho 19 anos, caralho.
E já estou tão cansada..

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