Às vezes pergunto-me se é possível ser feliz sozinho. A maioria das vezes, o meu coração diz que não.. mas há dias como hoje em que razão me diz que sim.
Sinto-me irritável, muito facilmente irritável, e hoje quando meti os pés na rua, senti-me péssima.
Quase fui atropelada, e ao mesmo tempo, começou a chover. Achei que se tivesse ali alguém ao pé, essa pessoa teria levado com o meu desânimo e o meu feitio rabugento. Era tudo o que me apetecia fazer. Gritar com alguém ou alguma coisa.
Tive um flash, no meio da rua.. vi-me a gritar para o ar, como uma louca, e as pessoas todas a olhar.
Cagando e andando, como eu digo. Ter-me-ia sabido bem, ou pelo menos teria libertado alguma frustração.
Mas depois lembrei-me, que sou conhecida na cidade, e que se o fizesse, amanhã por esta hora já estaria toda a gente a falar disso.
Decidi então ir até a casa do Eduardo. Ele arranja sempre maneira de me subir o astral, mesmo que ele também esteja na merda.
Subi as escadas, sentei-me na cama e ele percebeu logo.
"Epaaaaaaaa, isto assim não. Vamos sair de casa." - disse ele.
- Mas Edu, está a chover. - respondi com uma cara de "mete-nojo".
- Vamos ter com a Cata, vá. Tomar um cafezinho e apanhar uma chuvinha para acordar".
Achei a ideia tão maluca, que aceitei.
Fomos os dois, a andar a passo de caracol pelos passeios, e a chover a potes.
Até estava a gostar, mas quando chegámos .. voltou-me tudo outra vez. Só queria era sair dali. Então deixei-o lá com a Catarina e vim-me embora.
Andava um bocado às voltas, indecisa, e inquieta sem saber o que fazer ou onde ir.
Queria fumar, mas tinha-me esquecido da mala.. (que cabeça do caraças).
Sem tabaco, ganza, dinheiro, companhia.. ia fazer o quê?
Andei um bocado às voltas pela cidade e parei no Jardim Público. As nuvens tinham acabado de abrir, e o Sol estava muito forte.
Sentei-me no muro, lá ao fundo.. baixei a cabeça, e chorei um bocadinho.
Estava mesmo mal comigo mesma, não era com mais nada.
Pode ser stress, pode ser várias coisas.. pode até ser parvoíce. Mas hoje sinto-me assim.
Estava desejosa de chegar a casa e enfiar-me no quarto a dormir outra vez.
Mas isso já era demais.. não podia dar esse gostinho a mim mesma.
Então, vim para aqui, escrever, enquanto a mãe me manda filtros e se ri.. o que me está a fazer rir também.
Embora cada vez que solto uma gargalhada tenha vontade de soltar ao mesmo tempo umas 20 lágrimas.
Acho que sim.. acho que fui feita para ficar sempre sozinha.
Acho que vou ter de aprender a ser feliz assim.
Que porcaria de sentimento. Detesto sentir-me assim.
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