terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Medo de quê?

Estava aqui a pensar no medo.
A insónia atacou-me mais uma vez, e com ela vieram também os pensamentos.
Sim, aqueles que nos assombram, volta e meia sem pedir permissão para chegar... e acabei de me aperceber que não devo ter medo de nada.
Assumidamente, posso dizer que nada temo.
Já vivi quase 20 anos, e parecendo que não, já aprendi muita coisa.. e se há lição mais valiosa, é que não devemos temer aquilo que não podemos controlar.
Ora, há tanta coisa que nos foge ao controlo, que nos escapa por entre os dedos e nos finta.. que o melhor pensamento será "venha o que vier, eu vou ter de viver isto, porque de outra maneira não aprendo, e independentemente do medo que eu tenha, essa coisa vai acontecer. "
Contra a nossa vontade, como é habitual, porque se pudessemos, todos viveríamos numa redoma de segurança, longe de todos os perigos e coisas más que sabemos que existem lá fora.
Mal ou bem, o Mundo está feito para nos magoarmos, mas se o nosso caminho tiver vidros espalhados pelo chão, teremos que os pisar. Não conseguimos contornar muitas coisas.. muito menos aquilo que nos está destinado.
Já pensei em muitas maneiras de viver e de pensar.. e já pensei que somos nós próprios que fazemos o nosso destino, mas não é verdade.
Se assim fosse, nunca sofreríamos. O amor seria uma constante, e a felicidade, outra.
Se pudessemos escolher, escolheríamos ser felizes, e não ter problemas.
Se realmente tivessemos as rédeas das nossas vidas, não andaríamos todos tão confusos e perdidos, e não me venham com tretas, toda a gente teme sentir-se assim.
Daí a busca incessante à felicidade.
O medo vem como um sentimento opcional. É bem capaz de ser dos poucos sentimentos que podemos ou não controlar .
Os vidros estão lá. E a gente sabe que se vai magoar.. mas podemos passar por cima disso e seguir em frente, se quisermos.
A maioria diria, "não, eu vou por outro lado, sem vidros.. assim não me magoo".. mas não existem caminhos perfeitos, e o mais certo é ir por um outro caminho mais árduo.. uma relva de espinhos, talvez.
O medo muitas vezes é um sentimento mal interpretado, mal compreendido.. pois deve servir como incentivo, e não como barreira.. embora toda a gente o veja como um obstáculo a um obstáculo.
Não sinto muito medo.. atiro-me facilmente de cabeça para areias movediças.
Não porque não tenho amor à vida, mas porque a amo demais para perder algum bocadinho que seja.
Quando era pequena, tinha medo do escuro.
Nem era do escuro, mas do que eu via quando as luzes se apagavam. Escondia-me debaixo do meu cobertor, e ficava assim até adormecer.
O medo desapareceu quando percebi que mesmo que me escondesse, as coisas estavam ali na mesma, e interagiam comigo da mesma forma como se eu não estivesse tapada.
Hoje só consigo dormir de luz apagada, e sei proteger-me do que me visita.
Lembro-me de ter medo de alturas.. o meu medo desapareceu quando tive de fugir pela minha vida , numa noite terrível. Saltei de um muro , parti-me toda. Mas estou hoje inteira, e foi aquele muro que me deu a porta de saída de volta à minha vida.
Tinha medo da morte. Até ter percebido que não há nada a fazer, e que pode acontecer a qualquer momento.
Não tenho medo absolutamente nenhum de sentimentos.
Já me apaixonei, e foi o melhor que me aconteceu, apesar de tudo. Já não tenho medo de me apaixonar mais. Não tenho medo de sofrer, porque o sofrimento é um aliado fiel do amor.
Enquanto sentir coisas, estou viva. Posso fazer tudo.
Então se sei disso, não preciso de ter medo de nada, porque tudo passa, e eu vou sempre ficar bem.
O Mundo não acaba só porque morre uma flor. Há mais milhares delas a nascer no momento em que ela morre. É a vida, e mais uma vez, a gente não pode controlar.
Vamos deixar de ver a flor desabrochar, só porque temos medo de ver as outras morrer?

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